Na última quarta-feira, 01, a professora do Centro Universitário
Franciscano, Maria Cristina Tonetto, Kita, como é conhecida na
instituição, participou de uma coletiva com os alunos de Jornalismo
Especializado II, para compartilhar das suas experiências de doutoramento em
Portugal.
A UBI (Universidade da Beira Interior) é o
local escolhido pela doutoranda em Ciências da Comunicação,tendo como orientadores os professores Luis Nogueira, da UBI, e Miriam de Souza Rossini, da UFRGS. Kita explica que em Portugal não há doutoramento em Cinema - somente mestrado. No entanto, tanto como a comunicação, o cinema e o jornalismo são áreas muito
ricas, o que permite ter várias linhas de pesquisa para trabalhar. "Já trabalhei em
várias frentes na minha profissão. Já fui repórter de televisão, já trabalhei
em assessoria de comunicação e já fiz produção audiovisual. No Cinema também
existem várias linhas,depende do que queremos estudar", explica.
Conversa descontraída sobre processo de construção de uma tese. |
Maria Cristina enfatiza que o pesquisador
deve estar aberto para mudanças. "Quando saí daqui pensei em estudar a
representação da mulher trabalhadora no cinema português. Ao chegar lá,
vi que a UBI é muito forte na área de online, inclusive eles tem uma parceira
com a UFBA (Universidade Federal da Bahia) que trabalha com esse tema.
Então, adaptei minha pesquisa para estudar algo que trouxesse
retorno para a academia", explica Kita que pretende retornar às aulas
assim que defender tese. Para ela, não adianta pesquisar algo que não
pudesse ser aproveitado nas aulas. Além disso, percebeu que o cinema toma novos
rumos, novos tipos de circulação e de visionamento. O foco de sua pesquisa é
Cinema e Redes Sociais, neste caso, o youtube.
Para a professora, confiança no orientador
é fundamental, ainda que o doutoramento seja um processo solitário. Ela conheceu
o professor Luis Nogueira quando ele deu aula de especialização em cinema no
Brasil. "Aqui quando a gente vai para o doutorado temos que ter um pré-projeto pronto. Em Portugal, não apresentamos pré-projeto. Apresentamos uma
proposta que deve ter o máximo uma página e meia", revela a professora que mudou o projeto antes da apresentação. "Ora já tinha algo parecido, ora o orientador não gostava", relata.
Do Jornalismo em Portugal
Maria Cristina Tonetto |
Kita enfatiza que nos telejornais de
Portugal os apresentadores são mais experientes e que há um cientista político
que comenta as notícias com o âncora, o qual opina em todas as matérias. Os
programas de notícias seguem a linha editorial da emissora, mas os
participantes podem transmitir suas opiniões ao vivo. "O texto no Brasil é
mais elaborado. Além disso, a formação acadêmica do jornalista aqui é bem
melhor, porque os alunos tem a experiência prática já na faculdade. Nossos
alunos são mais preparados para o mercado", reconhece.
E na Academia?
Em Portugal o conceito de universidade pública é diferente, pois
todos os universitários pagam para estudar. “Assim como no Brasil, os portugueses são
exigentes em relação à pesquisa, porém são mais flexíveis. Para nós ainda é
mais puxado, mais exigido, pois temos que revalidar nosso diploma aqui”,
explica a professora que diz sentir-se uma estrangeira em terras alheias, sentimento explicitado pelos portugueses.
A professora fica no Brasil mais uns dias para a pesquisa de
campo. Nesta semana, ela segue para Goiás, Brasília e São Paulo onde será
assistida por docentes destes estados. “Portugal não estava nos meus planos,
mas me encantei com os lusitanos e com a oportunidade de conhecer outra cultura
e assim, olhar o cinema com outro olhar”, finaliza. Kita pretende voltar a
lecionar no Centro Universitário Franciscano no primeiro semestre de 2017.
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