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terça-feira, 9 de agosto de 2016

A Percepção Pública da Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil

Na quarta edição da pesquisa Percepção Pública da Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil, feita em 2015, o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) tiveram como objetivos principais realizar um levantamento atualizado sobre interesse, grau de informação, atitudes, visões e conhecimento dos brasileiros em relação à Ciência e Tecnologia (C&T) e produzir uma análise da evolução dessa percepção pública sobre a área na última década.
O questionário de 2015 está baseado nas perguntas das enquetes nacionais que aconteceram em 2006 e 2010, possibilitando, assim, uma comparação entre as edições anteriores e uma análise da evolução histórica da percepção pública sobre C&T no Brasil. Nesta pesquisa de opinião quantitativa foi utilizado como base um questionário com 105 perguntas (abertas e fechadas), com amostra probabilística representativa de toda a população brasileira com 16 anos de idade ou mais, estratificada por gênero, faixa etária, escolaridade, renda declarada, com cotas proporcionais ao tamanho da população, segundo os dados do IBGE.
Os brasileiros declararam ter bastante interesse por assuntos de C& - 61% foi o dado coletado entre os interessados e os muito interessados, um dado muito maior que o tema Esportes (56%) por exemplo. O interesse por temas correlacionados com a C&T, como Meio Ambiente e Medicina e Saúde, é muito elevado, com 78% para ambos. Entre a enquete de 2010 e a de 2015, o interesse declarado caiu ligeiramente para a maioria dos assuntos, inclusive para C&T (de 65 para 61%).

Acesso à Informação

A TV é o meio mais utilizado como acesso à informação sobre C&T. A maioria dos entrevistados declarou que "nunca, ou quase nunca" pesquisaram sobre esse assunto nos outros meios de comunicação investigados (jornais, revistas, livros, rádio e conversas com amigos). Já o consumo pelo rádio e a TV nível se mantiveram estáveis nos últimos anos.
As redes sociais vem crescendo logo atrás, tendo dobrado entre 2006 e 2015 o uso a internet e das redes sociais como fonte de informação sobre C&T.Muitas pessoas declaram utilizar, como fonte para acessar informação de C&T na internet, sites de instituições de pesquisa, seguidos de sites de jornais e revistas, Facebook, Wikipedia e blogs.

Brasileiros e C&T

São, em geral, muito positivas as atitudes dos brasileiros sobre C&T. Prevalece a percepção sobre benefícios, a confiança grande nos cientistas e nas suas motivações, bem como o reconhecimento da importância do investimento público em C&T. O otimismo quanto aos impactos da C&T vem crescendo desde 1987.

O Índice de Confiança (IC), que engloba, em graus de mais ou menos confiança nos diversos profissionais, como fonte de informação em assuntos importantes, os cientistas ligados a instituições públicas têm o nível mais alto de confiança entre os atores sociais pesquisados (desde 2006), acima de jornalistas e médicos.

Os brasileiros acreditam que a pesquisa científica é essencial para indústria, assim como a C&T está tornando nossas vidas mais confortáveis. A pesquisa ainda afirma que os governantes devem seguir, pelo menos em parte, as orientações dos cientistas e que a experimentação animal deve ser permitida dependendo do caso. Por fim os resultados da pesquisa mostram que a maioria dos entrevistados acreditam que a C&T poderá contribuir para a redução das desigualdades sociais no País.

Existem, embora, críticas e percepções negativas. A maioria dos brasileiros expressa coletivamente uma preocupação com riscos decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico e não ignora limitações na C&T. Mais da metade dos brasileiros vê a C&T como responsável pela maior parte dos problemas ambientais e acha que os cientistas têm conhecimentos que os tornam perigosos.

Os brasileiros se mostram mais divididos em algumas questões. Metade dos brasileiros pesquisados discorda que a C&T ajuda a eliminar pobreza e fome no mundo e concorda que o uso dos computadores e a automação geram perda de emprego e defende que uma nova tecnologia não deve ser usada caso suas consequências não sejam bem conhecidas. Também divididos quanto à ampla liberdade de pesquisa por parte dos cientistas e quanto à responsabilidade destes em relação ao mau uso que outros fazem de suas descobertas. Com isso decidem que é necessário o estabelecimento de padrões éticos sobre o trabalho dos cientistas, eles devem expor publicamente os riscos decorrentes da C&T de maneira que as pessoas são capazes de entender o conhecimento científico se este for bem explicado; e deveria haver participação da população nas grandes decisões sobre os rumos da C&T.

Resultados Gerais

As pessoas mais informadas não necessariamente possuem visões mais positivas e as pessoas com visões mais cautelosas ou críticas não necessariamente possuem menor grau de escolaridade. As trajetórias de vida e o contexto de moradia, capital social, valores, participação em atividades de sociabilidade e políticas, têm um peso importante na forma como as pessoas se apropriam da informação científica e formam suas atitudes sobre os cientistas e sobre a ciência e tecnologia.

Para que as ações de popularização científica e de educação em ciência sejam aprimoradas, é importante conhecer e analisar o grau de informação, o conhecimento geral, as atitudes e as visões da população brasileira sobre C&T. Por isso, são feitas as pesquisas de Percepção Pública da Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil, pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Entender as implicações econômicas, políticas, educacionais, culturais e éticas da percepção pública da C&T pode contribuir para a formulação mais adequada de políticas públicas em educação científica e em comunicação pública da ciência. Tal conhecimento pode favorecer, ainda, a inclusão social e contribuir para estimular os jovens para as carreiras científicas.


Leonardo Bedin


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