A coletiva de imprensa realizada na disciplina de Jornalismo
Especializado II, no Centro Universitário Franciscano, com o meteorologista,
professor da Universidade de Santa Maria (UFSM) e pós-doutor em meteorologia Ernani
de Lima Nascimento levantou algumas perguntas a respeito da relação dos
cientistas com a mídia e com a forma de veiculação de pesquisas e informações
com grande importância para a população. Nascimento
acredita que os cientistas e pesquisadores devem estar preparados para
comunicarem-se diretamente com os jornalistas, utilizando uma linguagem
compreensível, se dispondo a dar boas e, se preciso, longas explicações que
possam ser facilmente decodificadas. Em contraponto, os profissionais da
comunicação devem ter responsabilidade no contrato de fidedignidade com o
discurso do especialista. Muitas vezes, a interpretação do jornalista pode
prejudicar o conteúdo da matéria jornalística, o que acaba por comprometer a informação. O professor é doutor em meteorologia pela University of Oklahoma, nos Estados Unidos e contou
sobre as diferentes formas de alertas meteorológicos de tempestades severas são
enviados no país, por exemplo. Segundo ele a velocidade e a forma como a
população é informada no Brasil, não são eficazes. Ele acredita que para que
esses sistemas operacionais funcionem, é necessário que se haja educação na
hora de tomar providências. “Não sei se seria bom termos um sinal de alerta
aqui, por exemplo, se ele apenas causaria pânico, e ninguém saberia como agir”,
comenta Nascimento.
Em uma entrevista para o
programa Cidadania, da TV Senado, Rivaldo Venâncio da Cunha, pós-doutor em
Medicina com ênfase no estudo das doenças causadas por vírus pela Fundação
Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro comentou a maneira de divulgar saúde no Brasil.
Segundo ele, a mídia tem sim total capacidade de transmitir informação de
qualidade e de uma forma acessível. Porém, ainda se peca no formato utilizado.
Cunha da ênfase ao trabalho em
longo prazo que deveria ser realizado pela mídia. Segundo ele, saúde pública
não pode ser tratada tão pontualmente ou factualmente. As campanhas devem ser
embasadas em mudanças de hábitos e não na “cura milagrosa”, ou em “o novo
remédio”. Sem generalizações o médico
ressalva: “Depende da mídia e depende do assunto tratado”.
Alguns exemplos relacionados à saúde foram
citados. Como a campanha de prevenção de DST’s, por exemplo, que segundo o
pesquisador é lembrado nas épocas de grande movimentação de pessoas no mesmo
local, como quando se aproxima o carnaval. Assim como as doenças sexualmente
transmissíveis, Cunha comenta da forma como foi veiculado o vírus Ebola.
“Estava tão distante daqui e por vezes as doenças que estavam afetando mais
gravemente o país foram deixadas de lado”, alerta o médico.
Para Cunha saúde pública é um casamento entre
ciência, cidadania, mídia e como não, educação. E a questão de como comunicar
questões relacionadas á saúde devem ser discutidas, para que os veículos o façam
com cautela. “A mídia tem capacidade de falar para todas as classes
sociais sim, então, não é um problema técnico, mas sim de formato como é
construída e a linguagem e interpretação
do veículo e jornalista”, conclui o professor.
Julia Machado
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