Jogador
de futebol, no Brasil, é sinônimo de consagração. Os comerciais publicitários e
as capas de revistas estão recheados de jogadores. O amor nutrido pelas pessoas
em relação a esse esporte é algo passado de geração em geração. Desde a infância,
por influência da família, somos levados a escolher um time do coração. É quase
uma obrigatoriedade o indivíduo pertencer, gostar ou
torcer por times estaduais e nacionais. A globalização e o capitalismo impõem um
padrão sobre o que é ser “legal”, ou seja, ser aceito na sociedade. Nesse
sentido, nos encontramos fragilizados, e mais propensos ao fanatismo, explica o
psiquiatra Lucas Ramos Leal.
O
torcedor é aquele que consegue compreender que é apenas um esporte e isto não
vai decidir sua vida, conseguindo assimilar a vitória ou a derrota com mais
facilidade. Já o torcedor fanático, segundo Leal, é aquele que não tem
pensamento próprio, ele age de acordo com o raciocínio do grupo, podendo provocar
uma série de sintomas no sujeito como insônia e irritabilidade, relata.
O
Rio Grande do Sul tem dois times que grande nome no quadro brasileiro, um deles
é o Sport Clube Internacional. O livro “Minha Camisa Vermelha”, do escritor
gaúcho Athos Ronaldo Miralha da Cunha, é composto por crônicas de torcedores
que literalmente vestem a camisa do time colorado. A ideia principal da obra é
reunir escritores fãs do time e prestar uma homenagem com histórias inusitadas
e lembranças. “Em dias de jogo do Inter, principalmente os decisivos, fico
apreensivo. O coração pulsa mais forte”, diz Athos.
Questionado
se já sofreu opressão por parte de torcedores do time rival, Grêmio, o autor
afirma: “não pelo contrário, alguns já participaram das sessões de autógrafos,
penso ser um estímulo para que os tricolores façam um livro”, afirma.
A
gaúcha Paula Guizolf se considera uma torcedora fanática pelo Internacional. Aos
dezessete anos de idade eternizou seu amor fazendo uma tatuagem com o nome do time
nas costas. Uma loucura que lhe rendeu bons frutos. “O ex-presidente do time
parou em frente a minha casa. Ele estava procurando um amigo e comecei a gritar
desesperada. Achei que era sonho. Ele ficou tão impressionado que me mandou,
semanas depois, uma camiseta oficial autografada pelos jogadores”, relata. “Sou
fanática, brigo, discuto, choro. Podem me chamar de louca, pois esse sentimento
é maior que eu. Torcer pelo Inter é algo que nunca vou conseguir explicar, amo
ser colorada”, ressalta.
Quando
se trata do amor ao futebol, a questão em pauta é saber moderar esse sentimento
para que ele seja sempre saudável e não afete nossas vidas particulares, nem
nossos relacionamentos. “No caso do fanatismo pelo futebol, o homem encarna uma
alegoria através da derrota do inimigo, da potência, da virilidade. Vitória
ainda mais saborosa quando compartilhada pelo grupo de iguais”, afirma Lucas.
Tatuagem de Paula Guizolf em homenagem ao Internacional. Foto: arquivo pessoal. |
Yasmin
Lima
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