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terça-feira, 14 de abril de 2015

Medicação infantil: uso exige cuidado redobrado

     Os riscos que uma medicação feita de maneira errada pode trazer perigo e este perigo aumenta quando estamos falando de crianças. É preciso saber como os medicamentos são aprovados e porque alguns deles são retirados do mercado. Quando se desenvolve um novo medicamento por uma empresa farmacêutica, depois e testado ele é enviado para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e recebe o registro para ser disponibilizado no mercado. O remédio deve estar de acordo com todas as normas sanitárias em vigor se a droga funciona e em quais condições.
Lilian Vasconcellos e seu filho Leon. Medicar sempre é preocupante. 
Fotos: Gisele Fernandes
     Com o passar do tempo, os pais vão adquirindo experiência, e conhecendo melhor os sintomas das doenças dos filhos. Reações como: febre, vômito e indisposição, até mesmo uma gripe comum que dura entre 5 a 7 dias não significa que a melhor alternativa seja a automedicação. O certo seria levar a criança no hospital mais próximo, ou ligar para o pediatra quando possível.
     "É muito importante a ida ao pediatra para um diagnóstico e a indicação certa do remédio, e nunca esquecendo de saber se a criança tem alguma alergia sob certa substancia que o remédio pode conter. Algumas vezes os pais desconhecem o fato de que crianças não são miniaturas de adultos, e precisam de prescrições que respeitem as medidas corporais, o peso e a faixa etária”, alerta pediatra Pedro Orso.
     O problema é que quase sempre a ‘salvação’ é buscada onde não deveria: no armário da cozinha. Uma nova pesquisa da Universidade de Michigan mostrou que 40% dos pais de crianças menores de 4 anos medicam os filhos sem consultar um médico. A "automedicação" já virou uma cultura bastante comum entre adultos e faz com que as pessoas mediquem os filhos com as mesmas regras que adotam para elas mesmas.
   Normalmente os xaropes são os mais usados pelos pais, por serem comprados em qualquer farmácia e não precisar de receita médica. Existem vários tipos, cores e sabores, por isso são os mais aceitos entre as crianças do que os remédios tradicionais. O maior inconveniente, porém, é que muitas vezes ele combate o sintoma, mas não a doença. Uma tosse pode ser provocada por alergia, por pneumonia, por gripe. Se o pai tentar apenas combater o sintoma, a longo prazo o problema pode evoluir para um quadro mais grave.
Márcia Soares, mãe de Mauricio e Giovana.
     Mãe de Maurício, 3 anos, e de Giovana, 8, a psicóloga Márcia Soares,quando leva os seus filhos no médico por algum motivo de desconforto ou doença,fica aliviada ao saber que os seus filhos irão melhorar. Por outro lado, sente um desconforto de saber que as crianças terão de ingerir mais remédios, que muitas vezes possuem efeitos colaterais, que fazem com que as crianças fiquem ainda mais indispostas.
    Apesar da maioria das mães levar os seus filhos em um pediatra, muitas delas também recorrem ao uso da internet ou melhor, do “senhor google” para saber mais sobre os sintomas dos pequenos e se tranquilizarem quanto a medicação que está sendo utilizada, é assim que Lilian Vasconcellos, mãe de Leon 5 anos e Lua 15 faz uso do recurso da internet " Eu utilizo a internet para saber as reações, mas nunca uso medicação por conta própria, porque a doença pode ter avançado e a reação ser outra."
  Quando se trata de automedicação tanto em adultos e mais especial em crianças é questão de preocupação, pois cada remédio pode ter reações diferentes em cada pessoa, por isso o importante é sempre consultar um médico e fazer exames para ter certeza que o remédio receitado é o indicado, sempre respeitando a "receita médica" para evitar superdosagens. 

Gisele Fernandes e Danielle Carvalho

quinta-feira, 9 de abril de 2015

A estética que dispensa a crueldade

O uso de animais em testes de laboratórios de pesquisa, entre os quais os de cosméticos, é um assunto que corriqueiramente gera polêmica através da imprensa. 
Algumas empresas de cosméticos como a Natura e o Boticário já optaram pelo não uso de animais como cobaias, usando métodos alternativos para experimentar seus produtos. Já outras empresas renomadas no mercado como a Mary Kay, Johnson & Johnson, Revlon, entre outras, efetuam seus experimentos utilizando coelhos, ratos, cães, porcos, entre outros animais.

Em contato por e-mail, a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Ciência de Animais de Laboratório, Ekaterina Rivera, afirma que o fim do uso de animais em testes no Brasil tornaria a ciência brasileira dependente da produzida no exterior, e que estes procedimentos beneficiam os próprios animais em desenvolvimento de medicamentos veterinários
Também entramos em contato com a Natura. A empresa é uma das marcas nacionais  líderes de vendas no ramo dos cosméticos no país. Ao questionarmos o porquê da opcão pelo não uso de animais em seus testes e qual o métodos que eles utilizam para testes, a assessoria da marca nos respondeu com um link do site. Na plataforma online a companhia menciona que preza pelo bem estar dos animais, desde de 2006 é utilizado outros meios para testes, tais como, testes in vitro. "(...)formamos uma rede de parcerias com o meio acadêmico, laboratórios e entidades de classe a fim de difundir e estimular a prática de eliminar testes em animais no segmento cosmético local e internacional", afirmam.
Os testes in vitro, são feitos por meio de representações de células de seres vivos em tubos de ensaios, além de ter mesma eficácia nos resultados. Esse novo método reduziu significativamente o uso de animais em testes na indústria de cosméticos.
Recolhida e adotada. Foto: Yasmin Lima
A empresa Boticário é uma que afirma não utilizar animais para seus testes. Segundo ela, o método in vitro é empregado em seus laboratórios. Afirmam que esse tipo de ensaio “substituem os realizados com animais e servem para avaliar a ausência de risco dos produtos. Posteriormente, os novos produtos são testados em voluntários, com o acompanhamento de profissionais especializados”, e complementam, “utilizamos métodos que são validados pelo ECVAN (Centro Europeu para Validação de Métodos Alternativos) e reconhecidos internacionalmente por entidades como FDA e SCCNFP (Comitê Científico para Produtos Cosméticos e Não Alimentos)”
Denise Portugal, 52 anos, moradora de Santa Maria, é defensora dos animas há cerca de quinze anos. “Retiro animais abandonados das ruas, não como carne e só uso produtos de maquiagem que não fazem o uso de animais em testes. Não é justo sacrificarem animais em prol de nós seres racionais. Há uma grande evolução do neste mercado, onde grandes empresas já usam os testes in vitro” relata Denise.

Novas conquistas

Róber Bachinski, à direita, durante a premiação. Foto: Lush Prize
A conquista mais recente na luta contra o uso de animais como cobaias vem de através de um santa-mariense. O doutorando em biotecnologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Róber Bachinski, 28 anos, é primeiro brasileiro a receber o prêmio internacional Lush Prize, que destina anualmente uma verba de aproximadamente  R$ 1 milhão a projetos e pesquisas que busquem alternativas ao uso de animais como cobaias. Ele  também foi o único não-europeu a ganhar na categoria Jovem Pesquisador, e recebeu por conta disto cerca de R$ 30 mil reais já destinados ao seu projeto que foca o uso de métodos alternativos para testes nas universidades. Leia a entrevista completa aqui.
No Brasil, a lei de nº 11.794, de 8/10/2008, define os testes com animais, e cabe à Anvisa apenas verificar a apresentação de dados de comprovação da segurança dos produtos que são registrados nessa agência. Desde junho do ano passado tramita no Senado o projeto de lei , já aprovado na Câmara dos Deputados, que prevê alterações nos artigos 14, 17 e 18 daquela lei, vedando o uso de animais em atividades de ensino, pesquisas e testes em laboratórios para produção de produtos da indústria cosmética. De autoria do deputado Ricardo Izar (PSD-SP), prevê também multa para quem violar tais determinações.
Para saber mais sobre o andamento pode acessar o site do Senado.
Para saber quais empresas que utilizam ou não animais em seus testes, há uma lista que pode ser acessada no site do PEA, Projeto Esperança Animal.
 Diego Oliveira, Laura Bacim, Yasmin Lima 

Do campo para as prateleiras:os medicamentos naturais na vida das pessoas

Ervas in natura nas farmácias e supermercados.
Foto: Mateus Konzen
O mundo dos medicamentos é bastante amplo para estudos. Se sabe, basicamente, que eles têm poder em aliviar os sintomas, acalmar dores, prevenir, curar enfermidades e, também, salvar vidas. É possível elencar diversas espécies de substâncias presentes no mercado que, graças a sua eficácia, hoje garantem cada vez mais, o crescimento e a popularização da produção farmacêutica. Porém, nesta reportagem a abordagem deu-se em torno daqueles que não são fabricados em laboratórios, ou seja, dos remédios tradicionais, os chamados medicamentos naturais.
Os remédios naturais são substâncias encontradas na natureza e que tem como objetivos básicos; prevenir, tratar ou curar patologias. Também se abrangem métodos com medicações a base de ervas, elementos minerais, vegetais e animais. A não presença da medicação na sua forma física pode-se incluir também no processo de medicação natural, é o caso das meditações, terapias manuais, acupuntura, curas por energia quântica, entre outras tantas técnicas adotadas.
A produção/utilização dos remédios naturais atualmente se desenvolve de forma gradativa. Vale lembrar que antes da ciência médica atual eram os remédios naturais que garantiam a qualidade da saúde da população. Porém, com os avanços tecnológicos de toda indústria farmacêutica esses acabaram se tornando muitas vezes um complemento para os fabricados em laboratório.
Utilizando como fonte documental o material apresentado pelo site de pesquisas Wikipedia, observa-se o seguinte estudo: “a utilização da ciência médica contemporânea para o diagnóstico e tratamento de patologias é complementada com a utilização de remédios naturais em cerca de 14% dos pacientes, esses números foram recolhidos em um estudo realizado em 1997 do departamento de saúde e do centro médico de Boston. Os resultados desta pesquisa chegaram à conclusão que 13.7% de pacientes que procuraram serviços do seu médico em complementaridade com a utilização de remédios naturais. Esse mesmo estudo chegou também à conclusão que 96% dos pacientes que procuraram serviços de medicina alternativa, também procuraram os serviços do seu médico nos últimos 12 meses. Os médicos desconhecem muitas vezes que os seus pacientes usam métodos alternativos naturais, já que apenas 38.5% dos pacientes que usam remédios naturais referiram o fato ao seu médico.” (ERNST, Edzard. Fonte: Medical Journal of Australia).
Cápsulas de remédios fitoterápicos já industrializados. Foto: Divulgação
Ao colocar esses parâmetros na realidade local, observa-se que a cidade de Santa Maria ainda não é adepta totalmente aos medicamentos naturais. Em um questionário realizado na região central, conversando aproximadamente com 20 pessoas, 18 destas responderam negativamente às medicinas alternativas. Muitas, disseram que ainda preferem os remédios fabricados em laboratórios. Na grande maioria, as justificativas de não utilização, partiram sem um embasamento teórico ou até mesmo prático/usual, apenas relataram não querer arriscar uma troca do “certo pelo duvidoso”. Porém, os especialistas na área, atuantes do mercado farmacêutico da cidade, já pensam diferente. É o caso de Thays Hennig, 23 anos, farmacêutica. A jovem acredita que essas medicações a base de elementos naturais demonstram um resultado agradável pelo fato de não serem tão pesadas quimicamente como as de laboratório: “A gente acaba convivendo diariamente com esses medicamentos e, por isso, sabe dos seus benefícios à saúde. Também não posso ser hipócrita a ponto de dizer que eles são as principais tendências de procura no mercado, assim estaria mentindo. Esses remédios são muito procurados por pessoas mais velhas, que conhecem e sempre se trataram a base desses produtos. Tudo é uma relação de confiança entre usuário e medicamento, pois as variedades são inúmeras.”
Bruna Souza, 27 anos, também farmacêutica, acredita que hoje em dia está na moda ser natural, porém faz algumas ressalvas quanto ao uso indevido desses medicamentos: “Devemos ter cuidado com o consumo excessivo dessas substâncias. Apesar de não terem a química dos fabricados em laboratório, eles usados sem um controle acabam acarretando em complicações. Muito também porque não se sabe a procedência da grande maioria destes remédios, devido a eles não serem carimbados pela ANVISA.”
Muito usado na região sul, mel, limão e gengibre para resfriados 
e  sintomas de gripes.
Segundo a farmacêutica, o regionalismo e a diversidade cultural também conta muito na produção/consumo dos medicamentos naturais: “Como vivemos num país muito forte cultu-ralmente, os remédios variam de região para região. Cada um segue uma doutrina. Começo exemplificando aqui pe-lo o Rio Grande do Sul. Como a região é mais fria, os medicamentos mais comuns são os a base de mel e guaco, que são muito utilizados no tratamento de dores de garganta e gripes. Não podemos esquecer-nos da cura campeira, muito utilizada ainda pelo pessoal da zona rural. Lá para cima muda um pouco. O Óleo de Coco é bastante utilizado, assim como Cártamo e Ginseng que são auxiliadores para o emagrecimento. Sem falar nas famosas Castanhas, da Índia e do Pará, utilizadas bastante na região norte/nordeste do Brasil”, comenta Bruna.
Seja na região norte ou sul, do Oiapoque ao Chuí, sempre quando falar de medicação, elas sendo naturais, fitoterápicas ou laboratoriais, é necessário muita cautela. A indicação de qual remédio usar deve sempre partir de um especialista na área. As variedades estão aí para todos os gostos. Basta agora usufruir com cuidados e, sempre, municiar-se de muita atenção e informação.

Victor Piaz, Mateus Konzen

O que pensa o homem do campo sobre o manuseio de defensivos agrícolas

Estudos revelam que em todas as regiões do país há resíduos tóxicos em concentrações acima do recomendável, seja nas plantações, no solo, nas águas ou nos peixes.
Foto: Raul de Brito
Na atualidade, agrotóxicos fazem parte de um conjunto de tecnologias usadas nas atividades agropecuárias e que permitiram um significativo aumento na produtividade. Sem tecnologias como essas, o preço dos alimentos seria mais elevado, pois a oferta seria bem menor. Contudo, as consequências para o meio ambiente e para a saúde do produtor e do consumidor evidenciam que esse modo de produção pautado mais na quantidade do que na qualidade é perigoso.
O engenheiro agrônomo e plantador de soja nos municípios de Restinga Seca e São Sepé, Luis Emílio Venturini, acredita que esses produtos, desde que aplicados de forma correta, respeitando as indicações técnicas, não trazem grandes malefícios à saúde do consumidor final.
Para ele, a contaminação do inseticida na cultura de soja, produto que ele e sua família cultivam, ocorre em menor proporção em relação a outras culturas.  “No caso da soja, penso que a contaminação do consumidor final ocorra em níveis muito baixos e não tenha efeitos diretos na manifestação de enfermidades”, fala.

Uso de EPI’s

Os EPI’s, equipamentos de proteção individual, servem para evitar acidentes do trabalho e doenças ocupacionais e devem ser adequados à atividade que o trabalhador desenvolve (BRASIL, 2005). Botas impermeáveis, luvas, respiradores ou máscaras e protetor visual são alguns dos EPI’s que devem ser usados pelo trabalhador do campo para prevenir contra intoxicações e acidentes que podem colocar sua vida em risco, e sua utilização é necessária em todas as etapas de uso dos defensivos agrícolas, desde o início do preparo da calda até a limpeza dos equipamentos de pulverização após a aplicação.
Mesmos com as recomendações, muitos agricultores ainda não se protegem. A não adoção desses equipamentos e a falta de cuidados está relacionada à pouca informação que dispõem.
Foto: Raul de Brito
Raul de Brito é produtor rural em Restinga Seca. Ele e sua família produzem arroz em grande quantidade para comercialização. Mas não usam roupas adequadas e nem os equipamentos recomendados quando vão aplicar os defensivos na lavoura. Esta prática é recorrente de seu avô e ele conta ser o jeito que sabem fazer desde que começaram.
“A nossa prática é esta. Conhecimento que vai passando de geração em geração. Nunca tivemos problemas graves de intoxicação. Se dá alguma coceira ou alergia é normal, porque passamos muito tempo em contato com as plantas”, justifica Raul.
E mesmo os que possuem informação e sabem que o manuseio incorreto prejudica a sua saúde, caem na premissa de que nada acontecerá. Luis Emílio comenta que durante o processo de manipulação dos defensivos procura tomar cuidado, pois tem consciência de que são substâncias bastante prejudiciais a saúde.
Entretanto, conta que já manipulou um produto com as pernas descobertas e teve problemas. “Durante a manipulação acidentalmente deixei cair o produto em uma perna, lavei com água abundante por um longo período e, mesmo assim, tive reação alérgica, sendo que a pele ficou com sensação de formigamento por alguns dias”, lembra.

Água x agrotóxico

Foto: Raul de Brito
Entre as preocupações da contaminação por agrotóxicos, está a preservação da água utilizada para o plantio.
A família de Raul de Brito produz arroz irrigado. Segundo ele, a contaminação é uma preocupação, pois não há como medir a quantidade de defensivo que pode ser passada para a água.
“Pelo fato de o arroz irrigado ser produzido com lâmina d’água, e essa água retornar aos rios, ter voltar para sua nascente, existe, sim, um risco maior de contaminação nessa cultura do que nas outras”, explica.
Conforme Raul, a lavoura de sua família está próxima às margens do Rio Jacuí, o que facilita o escoamento dos defensivos usados na cultura e agrava a situação ambiental. Apesar de possuir licenciamento ambiental para a rizicultura, Raul salienta que não há fiscalização.
Foto: Raul de Brito


 Fiscalização


Grande parte dos produtores desenvolvem a atividade de forma autônoma, a qual não sofre fiscalização por parte de autoridades da área sobre o uso dos EPI’s. Ao contrário do que é previsto para empresas formais, eles não dispõem de informação ou exigência sobre a adoção e nem sofrem penalização pela não uso. “A fiscalização existe, mas é deficitária, atendendo geralmente casos de denúncia”, explica Luis Emílio.

Deborah Alves e Tiago Vieira

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Sobre a experiência de doutoramento em Portugal

Na última quarta-feira, 01, a professora do Centro Universitário Franciscano, Maria Cristina Tonetto,  Kita, como é conhecida na instituição, participou de uma coletiva com os alunos de Jornalismo Especializado II, para compartilhar das suas experiências de doutoramento em Portugal.
Conversa descontraída sobre processo de construção de uma tese.
A UBI (Universidade da Beira Interior) é o local escolhido pela doutoranda em Ciências da Comunicação,tendo como orientadores os professores Luis Nogueira, da UBI, e Miriam de Souza Rossini, da UFRGS. Kita explica que em Portugal não há doutoramento em Cinema - somente mestrado. No entanto, tanto como a comunicação, o cinema e o jornalismo são áreas muito ricas, o que permite ter várias linhas de pesquisa para trabalhar. "Já trabalhei em várias frentes na minha profissão. Já fui repórter de televisão, já trabalhei em assessoria de comunicação e já fiz produção audiovisual. No Cinema também existem várias linhas,depende do que queremos estudar", explica. 
Maria Cristina enfatiza que o pesquisador deve estar aberto para mudanças. "Quando saí daqui pensei em estudar a representação da mulher trabalhadora no cinema  português. Ao chegar lá, vi que a UBI é muito forte na área de online, inclusive eles tem uma parceira com a UFBA (Universidade Federal da Bahia) que trabalha com esse tema. Então,  adaptei minha pesquisa para estudar algo que trouxesse retorno para a academia", explica Kita que pretende retornar às aulas assim que defender  tese. Para ela, não adianta pesquisar algo que não pudesse ser aproveitado nas aulas. Além disso, percebeu que o cinema toma novos rumos, novos tipos de circulação e de visionamento. O foco de sua pesquisa é Cinema e Redes Sociais, neste caso, o youtube.
Para a professora, confiança no orientador é fundamental, ainda que o doutoramento seja um processo solitário. Ela conheceu o professor Luis Nogueira quando ele deu aula de especialização em cinema no Brasil. "Aqui quando a gente vai para o doutorado temos que ter um pré-projeto pronto. Em Portugal, não apresentamos pré-projeto. Apresentamos uma proposta que deve ter o máximo uma página e meia", revela a professora que mudou o projeto antes da apresentação. "Ora já tinha algo parecido, ora o orientador não gostava", relata.

Do Jornalismo em Portugal

Maria Cristina Tonetto
Maria Cristina lembra que Portugal é um país pequeno que diminui a cada ano devido à emigração dos profissionais, principalmente para França e Inglaterra. Não há tantos jornais impressos no país lusitano como existem no Brasil. Além disso, a maioria não circula todos os dias e as editorias não são tão marcadas como aqui. "Uma das maiores editorias é a de futebol, a qual gira em torno do jogador Cristiano Ronaldo, mesmo que ele jogue na Espanha", declara. Conta que também o telejornalismo português é totalmente diferente daqui e que algumas emissoras repetem o mesmo telejornal às 7, às 8 e às 9 horas e usam imagens do youtube. "Percebi que lá não se tem um cuidado com a apresentação do repórter ou do âncora. Estes ficam muito à vontade em frente às câmeras. Usam até óculos de sol espelhados e outros acessórios. Da mesma forma, não há um critério de seleção de notícias mais apurado", admira-se. 
Kita enfatiza que nos telejornais de Portugal os apresentadores são mais experientes e que há um cientista político que comenta as notícias com o âncora, o qual opina em todas as matérias. Os programas de notícias seguem a linha editorial da emissora, mas os participantes podem transmitir suas opiniões ao vivo. "O texto no Brasil é mais elaborado. Além disso, a formação acadêmica do jornalista aqui é bem melhor, porque os alunos tem a experiência prática já na faculdade. Nossos alunos são mais preparados para o mercado", reconhece.

E na Academia?

Em Portugal o conceito de universidade pública é diferente, pois todos os universitários pagam para estudar.  “Assim como no Brasil, os portugueses são exigentes em relação à pesquisa, porém são mais flexíveis. Para nós ainda é mais puxado, mais exigido, pois temos que revalidar nosso diploma aqui”, explica a professora que diz sentir-se uma estrangeira em terras alheias, sentimento explicitado pelos portugueses.
A professora fica no Brasil mais uns dias para a pesquisa de campo. Nesta semana, ela segue para Goiás, Brasília e São Paulo onde será assistida por docentes destes estados. “Portugal não estava nos meus planos, mas me encantei com os lusitanos e com a oportunidade de conhecer outra cultura e assim, olhar o cinema com outro olhar”, finaliza. Kita pretende voltar a lecionar no Centro Universitário Franciscano no primeiro semestre de 2017.