Por Nathalia Ruviaro
Crédulos
ou incrédulos tanto faz. A verdade é que as cirurgias mediúnicas, mais
conhecidas como cirurgias espirituais vêm ganhando cada vez mais adeptos e
desafiando as fronteiras da ciência. Desde os primórdios da história da
humanidade se tem registros de possíveis cirurgias espirituais, sobretudo no
Egito e na Grécia, onde era comum existir médicos-feiticeiros que através de rituais
próprios deram origem ao que hoje chamamos de curas espirituais.
Ao
contrário do que muitos pensam, a busca pela cura não vem apenas dos que creem
no espiritualismo, e sim, de todas as religiões existentes, até mesmo daquelas
que negam veemente a existência de uma vida após a morte.
A
doutrina espírita pode até não atrair um público tão grande, mas a prática dos
passes e cirurgias deixa as salas dos mais de doze mil centros distribuídos
pelo país superlotadas em busca de conforto e solução para problemas físicos e
mentais. A quantidade de casas espíritas que realizam esses procedimentos no
Brasil é grande. Há lugares que disponibilizam até mesmo cirurgias à distância
como é o caso do Templo Espírita Tupyara no Rio de Janeiro.
Os
Kardecistas explicam que as cirurgias espirituais são feitas por espíritos de médicos
desencarnados que atuam no corpo perispiritual, utilizando técnicas ligadas à ciência médica.
Allan Kardec, conhecido como
codificador do espiritismo, deixa claro em seus
manuscritos que são pessoas que possuem um fluido humano especial, que
potencializado pelos fluidos do mundo dos espíritos, podem modificar a
estrutura da matéria, promovendo as curas.
Para
Bruno Freitas, 24, técnico de informática, a procura pela cura espiritual começou
há pouco mais de um ano quando ele foi diagnosticado com Ceratocone, uma doença não inflamatória progressiva do olho que provoca mudanças
estruturais na córnea. Após refazer vários exames e ver o progresso da doença,
a única solução era uma cirurgia a laser, a qual Bruno não queria se submeter.
Foi neste momento que ele pediu ajuda espiritual. “Como sou estudante da
doutrina resolvi procurar o Centro Espírita Allan Kardec aqui em Passo Fundo. Recebi
as orientações e fiz todo o procedimento necessário, pois eu não poderia comer
carne vermelha no dia da cirurgia e também deveria tomar banho 12 horas antes,
evitar sexo e drogas” declara.Bruno Freitas |
Ainda segundo o relato de Bruno, a equipe toda usava jalecos, luvas, toucas, bisturis e todos os instrumentos que a medicina tradicional ocupa. Tudo era limpo e higienizado. “Senti uma movimentação de algo que não era aqui do nosso plano. O médico pegou o bisturi e confesso com todas as letras do mundo que senti como se o corte estivesse sendo de verdade. Fui pra casa após o procedimento e, para meu espanto, tive dores infernais, vermelhidão, ardor e queimação local que depois de um ou dois dias foram aliviando” conta Bruno.
Paulo Denardin |
Algumas pessoas procuram a ajuda desses médiuns
quando percebem que a medicina tradicional não solucionou os problemas físicos,
como é o caso do vereador Paulo Denardin. Frequentador da doutrina espírita
durante muitos anos, Denardin buscou ajuda primeiramente pelas cirurgias à
distância. Depois teve outros problemas físicos e recorreu à cirurgia mediúnica
no Núcleo Espírita Nosso Lar, em Florianópolis. “Por ser estudante da doutrina
eu sabia que os males não eram apenas físicos, mas sim perispirituais e que há
coisas que a medicina tradicional não consegue resolver. Fui a Florianópolis e
realizei a cirurgia sem cortes, assim como já fiz outras vezes. Sou adepto”
relata.
Teltz Cardoso Farias |
A expansão da doutrina pelo Brasil e pelo mundo afora também ocasiona diversas situações problemáticas. A principal delas são as polêmicas causadas pelo confronto entre ciência e religião. Teltz Cardoso Farias, coronel e trabalhador da doutrina no Abrigo Espírita Oscar Pithan, em Santa Maria, com relação às polêmicas se posiciona positivamente: “Temos tomado as cautelas necessárias no trato com os temas polêmicos, como convém à boa e fiel divulgação da nossa amada doutrina. Quando tratamos deles, em público, é com o intuito de esclarecer o posicionamento doutrinário frente ao assunto e, tanto quanto possível, ajudar para que distorções de qualquer espécie não se verifiquem” afirma.
E quanto à pergunta sobre a veracidade das cirurgias mediúnicas: não existem respostas exatas, já que isso vai da crença e da fé de cada um. Há quem desacredite, assim como há quem não viva sem.
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