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história!
Já ouviu falar em zoonoses?
Há centenas de anos, homens e animais
dividem um mesmo território. Desta convivência geram-se boas e más
consequências e, entre elas, as doenças. Mesmo que o nome soe estranho em
muitos ouvidos, Zoonose nada mais é que um termo para designar doenças e infecções
transmitidas de forma natural entre bicho e humano. Apesar destes males
serem erroneamente associados aos animais de rua, é importante ressaltar que neste cenário, ambos (homem e animal)
atuam como verdadeiros hospedeiros. Entretanto, a transmissão – de fato –
ocorre através de vírus, bactérias, fungos e outros microorganismos diversos.
Hoje as zoonoses são
consideradas um risco à saúde pública e sua mutação acompanha o desenvolvimento
da sociedade. De um antigo conhecido como o bicho de pé até as novas doenças,
como a H1N1, pode-se encontrar uma catalogação
de aproximadamente 200 enfermidades.
Os diagnósticos das zoonoses
Alexandre V. Schwarzbold |
No centro do estado são elencadas por sua recorrência algumas doenças
consideradas comuns como a leptospirose, a
criptococoses, a tuberculose, a toxoplasmose e a histoplasmose. As zoonoses
possuem tratamentos, mas nem todas podem chegar à cura, como é o exemplo da
leptospirose, que atinge um índice de morte em 10% dos casos.
De acordo com o
infectologista Alexandre Vargas Schwarzbold,
é difícil estabelecer os indicativos de uma zoonose. Segundo ele, “em geral as doenças compartilham de alguns sintomas,
que são chamados de sintomas sistêmicos e sugerem uma doença infecciosa que
talvez tenha sido transmitida por animal”. Num panorama geral é possível citar
a febre, o suor noturno, o emagrecimento, o aumento de gânglios e aumento do
baço e do fígado. No entanto é somente com a sorologia laboratorial que se pode
diagnosticar, de forma precisa, as zooonoses.
Santa Maria é um
município difícil de contabilizar os casos de zoonoses. De acordo com o médico
especializado em saúde pública, Paulo Cesar Schaefer, “é importante o médico
ter conhecimento sobre a situação do enfermo, pois o que leva ao diagnóstico é
a queixa do paciente”. Entretanto, ele explica que muitos profissionais medicam
seus pacientes a partir de seus quadros clínicos, e não detectam a presença da
zoonose deixando de registrá-la. Schaefer relembra que “a leptospirose,
por exemplo, é muito confundida com a gripe. Se o paciente não expuser o
problema de forma clara, sem omissão de fatos, é difícil chegar aos agentes
causadores, resultando em um tratamento equivocado”. O especialista ainda fala
da falta de investigação médica ao estabelecer um diagnóstico preciso: “Se a
medicação receitada surtiu efeito, o caso é dado como encerrado, ou ao menos,
controlado”.
Carlos Flávio Barbosa
da Silva, médico veterinário e chefe do setor de vigilância em saúde,
complementa a explanação de Paulo Schaefer quando diz que não é possível
estabelecer um número exato de casos de zoonose em Santa Maria. Segundo ele, o
fato se dá por consequência de um “procedimento conhecido como tratamento
empírico”, que por sua vez, ocorre devido aos médicos não registrarem os casos
de zoonoses junto ao estado.
Uma forma de controle das doenças
Animais que podem transmitir zoonoses são subdivididos em duas classes |
Segundo pesquisa realizada por
Wanderson Kleber de Oliveira, Coordenador Nacional de Doenças Transmissíveis no
Departamento de Vigilância Epidemiológica, estima-se que “75% das novas doenças
humanas terão um animal ou um vetor envolvido em sua cadeia de transmissão”.
Mas apesar do alto percentual de estimativa, estudos acompanham estas evoluções
em busca de tratamentos e prevenções.
Durante muitos anos o único recurso
para o controle de epidemias foi os Centros de Controle de Zoonoses (CCZ).
Unidades de saúde pública, os CCZs previnem e controlam as zoonoses através de
sistemas de vigilância sanitária. Promotores de ações educativas, os centros
também são responsáveis pelo controle de animais, pelo recolhimento de errantes
e pela eutanásia (para portadores de doenças sem tratamento).
Em Santa Maria o controle destas
doenças é um trabalho feito pela Vigilância em Saúde. Mesmo entendendo como
necessária a implementação de uma estrutura de um CCZ no município, o chefe do
setor de vigilância, Carlos Flávio Barbosa da Silva, ressalta que devemos
“parar de pensar um serviço, uma ação ou uma atividade a partir de uma
estrutura física”. Segundo o vigilante em saúde, a proteção à saúde deve
ultrapassar o elemento físico, afinal, quando se trabalha com zoonose, é preciso
conhecer o “perfil da população, a densidade populacional, os hábitos,
costumes, posturas, condutas, atitudes e formações”. Silva põe em relevância a
formação do povoamento de uma região, pois ao adentrar a natureza, o homem
afeta o ponto de equilíbrio do meio ambiente.
Esta má ocupação geográfica e a falta
de estrutura municipal deixam espaço para o aumento de doenças. Deste modo,
para remediar a propagação destas doenças, hábitos de higiene podem ser
necessários. Tratar o esgoto, manter a casa limpa e destinar adequadamente os
lixos, são mudanças que ajudam garantir a saúde do homem e do animal.
Soluções aplicadas pela administração
pública
Vereador Manuel Badke |
Além das manifestações da comunidade é
também de interesse do governo garantir a saúde da população. Manuel Badke,
presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Santa Maria, explica que a
cidade está em processo de adaptação às novas leis.
Três novidades devem se instalar na
cidade e a primeira a ser posta em prática é a microchipagem. Animais
considerados domésticos deverão ser registrados em um cadastro público e
receber um chip. Com a nova lei, o chip funcionará como uma espécie de identidade
que remeterá o animal ao seu dono e atribuirá a ele todas as responsabilidades
de possíveis acontecimentos como o abandono e maus tratos. Outras
novidades serão: a Central do Bem Estar do Animal e a criação do Conselho
Municipal de Proteção Animal. Um novo conceito de ação preventiva, de
acordo com Badke, os novos projetos visam garantir os direitos e os cuidados
com os animais, além estimular o zelo coletivo pela autoavaliação do
comportamento social.
*Dados
estatísticos foram solicitados para o Hospital Universitário de Santa Maria e
para a Vigilância Sanitária de Santa Maria. Até o fechamento desta matéria não
foi possível obtê-los.
Prevenção por vacinação
De acordo com a informação prestada
pela central de vacinas de Santa Maria, no portal da saúde do governo nacional
é possível encontrar as vacinas para crianças, adolescentes, adultos e idosos ( http://portal.saude.gov.br)
e na página da prefeitura de Santa Maria, estão disponíveis os contatos dos
postos de saúde (http://www.santamaria.rs.gov.br/saude).
Conheça as principais Zoonoses:
Zoonoses e Doenças
Parasitárias
|
Agente Etiológico
|
Principais Fontes de Infecção e Reservatórios
|
Vias de Transmissão
|
Criptosporidiose
|
Cryptosporidium spp
|
Mamíferos
|
Ingestão de água e alimentos contaminados com oocistos
|
Doença de Chagas
|
Trypanosoma cruzi
|
Mais de 200 espécies de mamíferosprincipalmente o gambá Didelphis sp
|
Contato com as fezes dos vetores biológicos (hemípteros) principalmente dos gêneros Triatoma, Panstrongylus e Rhodnius contendo tripomastigotas
|
Giardíase
|
Giardia intestinalis
|
Carnívoros
|
Ingestão de água e alimentos contaminados com cistos
|
Larva migrans cutânea
|
Ancylostoma braziliensis
|
Canídeos
|
Solo contaminado com ovos do parasita e através da pele (larvas)
|
Larva migrans visceral
|
Toxocara canis
|
Canídeos
|
Fecal-oral (solo contaminado com ovos do parasita)
|
Leishmaniose tegumentar
|
Leishmania braziliensis
|
Roedores (principais), preguiça, tamanduá,
canídeos, eqüídeos |
Vetores biológicos flebotomíneos Lutzomyia spp (mosquito-palha)
|
Leishmaniose visceral
|
Leishmania chagasi
|
Canídeosprincipais reservatórios
|
Vetores biológicos flebotomíneos Lutzomyia spp (mosquito-palha)
|
Toxoplasmose
|
Toxoplasma gondii
|
Felídeos e animais endotérmicos
|
Ingestão de oocistos esporulados na água e alimentos contaminados, carnivorismo (cistos teciduais-bradizoítas) ou transplacentária (taquizoítas)
|
Zoonoses
e doenças infecciosas
|
Agente
Etiológico
|
Principais
Fontes de Infecção e Reservatórios
|
Vias
de Transmissão
|
Brucelose
|
Brucella
abortus B. suis,B. ovis e B. canis
|
Ungulados e carnívoros
|
Ingestão de pastos
contaminados com brucélas através de fetos abortados, placenta e líquidos
uterinos. Exposição por meio das mucosas genital e conjuntival, da pele e das
vias respiratórias
|
Febre maculosa
|
Rickettsia rickettsii
|
Capivaras.Principal reservatório
suspeito
|
Através de picadas de carrapatos,
possivelmente do gênero Amblyomma
spp
|
Histoplasmose
|
Histoplasma capsulatum
|
Morcegos e aves
|
Através da inalação dos esporos dos fungos
em ambientes fechados, cavernas principalmente
|
Leptospirose
|
Leptospira interrogans.Diversos sorovares
|
Roedores e carnívoros
|
Por meio de contato de
mucosas ou pele com água, fômites ou alimentos contaminados com urina dos
animais (fontes de infecção)
|
Raiva
|
Lyssavirus
|
Morcegos e carnívoros
|
Através da mordedura de
animais raivosos
|
Salmonelose
|
Salmonella spp
|
Répteis, aves e mamíferos
|
Através da ingestão de
salmonelas viáveis
|
Tuberculose
|
Mycobacterium
tuberculosis e M. bovis |
Mamíferos: Herbívoros,
carnívoros e primatas
|
Através da inalação de esporos no meio ambiente, principalmente fechado. |
Fonte: Portal da Educação.
Por Aline Zuse e Rúbia Keller
2 comentários:
Super importantes estas informações. Excelente artigo.
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