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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Pesquisa analisa diagnósticos da Equinococose cística

Você já ouviu falar da Equinococose cística ou Hidatidose?
Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM pode ajudar a entender melhor. A equipe pesquisa sobre o “Diagnóstico da Equinococose cística por meio de análises de cistos bovinos provenientes da região central do Rio Grande do Sul”, no Laboratório de Parasitologia Humana e Biologia Molecular. A pesquisa é coordenada pelos professores Mário Luiz de La Rue e Sônia de Avila Botton que orienta a equipe composta por discentes pós-graduandos e estudantes de iniciação científica. O trabalho recebeu o 3º lugar como apresentação oral destaque no 5º Congresso Internacional de Bioanálises, 7º Congresso Sul Brasileiro de Biomedicina e 12ª Semana Gaúcha de Biomedicina, promovido pela Universidade Feevale de Novo Hamburgo.

O que é a Equinococose cística
Também conhecida como Hidatidose, a Equinococose Cística é uma infecção que pode ser adquirida em contato com os animais,e  causada por um parasita pertencente à Classe Cestoda. Do gênero Echinococcus, seu ciclo de vida envolve dois hospedeiros. O verme adulto vive no intestino delgado do cão, sendo seu hospedeiro definitivo (HD). Os ovos do parasito contaminam o meio ambiente, incluindo os alimentos de mamíferos domésticos e silvestres, considerados os hospedeiros intermediários (HI). Este parasito pode, acidentalmente, contaminar humanos considerados hospedeiros acidentais (HA), através da ingestão de ovos do parasita junto a alimentos contaminados ou no contato com cães contaminados, de forma a abrigar a forma larvária do parasito.

A Equinococose é uma enfermidade de ampla distribuição geográfica, sendo encontrada em regiões consideradas endêmicas de várias partes do mundo. Os locais mais comuns de se encontrar a Equinococose, geralmente, são as pequenas e médias propriedades produtoras de carne, especialmente ovina, caprina, bovina e suína, onde a criação e o abate dos animais ocorre, na maioria das vezes, de forma artesanal e não apresenta inspeção veterinária. Basicamente, quatro espécies do gênero Echinococcus foram encontradas no Brasil: E. vogeli (Raush & Bernstein, 1972), E. granulosus (Batsch, 1786), E. ortleppi (Lopez-Neyra & Soler Planas, 1943) e E. oligarthrus (Diesing, 1863).



A prevalência da equinococose em seres humanos varia segundo as regiões geográficas, mas estima-se que cerca de meio milhão de pessoas estão infectadas pela fase larvária do E. granulosus na América Latina. O contágio ocorre acidentalmente quando o ser humano ingere ovos do parasita presente em verduras cruas contaminadas. No caso das crianças, o contágio pode ocorrer ao levar os dedos à boca após o contato com cães contaminados. Dessa forma, o parasita continua o ciclo biológico no interior do organismo humano, quando corre a formação dos cistos.

Estudo realizado pela Secretaria da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul demonstrou que na zona rural da área endêmica o número de indivíduos sorologicamente positivos variou de 0,02 a 0,09% em relação à população total. O diagnóstico da equinococose cística é pressuposto a partir de sinais clínicos, tecnologias de imagem (tomografia, ultrassonografia) e alguns testes de imunodiagnóstico que o médico poderá realizar o diagnóstico.

Entenda a pesquisa
A pesquisa “Diagnóstico da Equinococose cística por meio de análises de cistos bovinos provenientes da região central do Rio Grande do Sul” teve como objetivo analisar amostras de cistos em órgãos de bovinos oriundos de frigoríficos da região central/RS para identificar a presença de Echinococcus spp. Segundo a mestranda responsável pela pesquisa, Danieli Urach Monteiro, foram escolhidas amostras bovinas, pois são as mais encontradas nesta região. “Na região da fronteira encontramos mais amostras ovinas, mas são de difícil acesso. Estudar na região central é muito importante, pois não é uma região endêmica, então os cuidados com esta zoonose são menores e, mesmo assim, encontramos foco desta parasitose”, explica.
As coletas foram feitas em frigoríficos desta região e encaminhadas ao Laboratório de Parasitologia e Biologia Molecular para análises macroscópicas, microscópicas e de biologia molecular.

  Cisto de fígado bovino positivo para Echinococcus spp. 
 Protoescóceles vivas e mortas (corada com eosina 0,1%)

Segundo Danieli, é possível perceber na análise macroscópica (figura A) os cistos com formatos e tamanhos variados. “Os cistos são puncionados com seringa e agulha, e o líquido do interior é observado ao microscópio óptico com objetiva de 100x. Na microscopia, verificou-se a presença de líquido com substância arenosa no seu interior. Do total de 371 amostras de cistos analisadas, encontrou-se 340 (91,6%) amostras negativas e 31 (8,4%) de amostras positivas para o cisto hidático”.

Verifica-se a necessidade de orientações para a população local sobre as injúrias e o ciclo de vida do Echinococcus spp., esclarecendo os riscos à saúde pública. Dessa forma, busca-se promover ações voltadas à prevenção e controle da EC nas localidades avaliadas.

Relevância desta pesquisa para nossa região

    Após um ano de pesquisa e muitos outros trabalhos sendo realizados com as amostras, os resultados são relevantes. “Em virtude da importância da equinococose cística na saúde pública, espera-se que os resultados obtidos permitam avançar os estudos e elucidações na epidemiologia da doença. Através da identificação e caracterização molecular do cisto hidático, conseguimos mapear regiões potencialmente endêmicas no RS, a fim de definir a epidemiologia da parasitose, auxiliando na prevenção da doença”, analisa a mestranda responsável pela pesquisa, Danieli Urach Monteiro.

Por Ingrid Bravo.

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