A diabetes gestacional é uma doença que atinge em torno de 7,6% das mulheres brasileiras e acontece porque a gestante produz uma quantidade insuficiente de insulina para ela e seu bebê. O excesso de açúcar no sangue pode trazer riscos para a futura mãe e, principalmente, para o feto em formação. Apesar dos problemas, o tratamento médico pode proporcionar uma gravidez tranqüila.
Identificada no final do segundo trimestre da gestação, um histórico familiar de diabetes e ganho excessivo de peso durante a gravidez estão entre as principais razões para esta doença, podendo ser intensificada em mulheres diabéticas. Mesmo existente há muito tempo, a diabetes gestacional aparenta estar em evidência nos últimos anos, o que para a obstetra Lia Mara Zamberlan Montagner tem relação direta com o crescimento do número de pessoas com diabetes, de uma forma geral. “Se pensarmos em cem anos atrás, por exemplo, as mulheres não tinham acompanhamento médico, e muitas das gravidezes interrompidas, podiam ser em razão da diabetes gestacional, sem quer que as vítimas soubessem que este era o verdadeiro motivo”, explica.
Outro fator que pode ter intensificado o número de diabetes gestacional nas últimas décadas, é o grande número de mulheres que engravidam depois dos 30 anos. Como revela a Dra Lia Mara, mulheres acima dos 25 anos e com estatura abaixo de 1,51m estão mais sujeitas a apresentarem o quadro de diabetes gestacional. Este é o caso de Suzi Conrad de Menezes, 45 anos, que mesmo sem nenhum caso de diabetes na família, adquiriu a doença durante a gravidez. “Não sabia da existência da doença, pois nas minhas duas outras gestações não tive este problema”, revelou Suzi, que descobriu a diabetes no quarto mês de gestação, através de um exame de rotina.
Exames laboratoriais são a única forma de confirmar este tipo de diabetes, como explica a Dra Lia Mara: “Os sintomas do diabetes tradicional é sede, muita fome, urina em excesso, mas na gravidez estas características não são percebidas. De forma que a única maneira para a constatação oficial da diabetes gestacional é com o rastreamento laboratorial. Neste exame é medido o nível da glicemia da mãe, em jejum. Números elevados deste exame podem apontar a presença da diabetes gestacional”.
No caso de pacientes que já possuem diabetes, e engravidam estando com a glicemia descompensada, existem alguns riscos muito grandes para o feto. Pode envolver desde a má formação do bebê até o aborto. Mas a Dra Lia Mara ressalta que mesmo as mulheres com diabetes podem ter uma gravidez estável, basta manter alguns cuidados, por isto, é fundamental o acompanhamento médico mesmo antes da gravidez.
Para o bebê, os riscos são maiores, e tem ligação direta com o excesso de glicose da mãe. “De uma maneira simples e fácil: o nível de glicose da mãe reflete o nível de glicose fetal. E isto vai acarretar no feto uma produção excessiva de insulina pelo pâncreas do feto. Isto pode gerar o que é chamado de feto macrossômico, isto é, aquele bebê que nasce grande e pesado”, explica a Dra Lia Mara. Este bebê pode ter dificuldades para nascer e tem o risco de fazer uma hipoglicemia preocupante no período pós-parto, já que ele nasce habituado ao nível de glicose alto da mãe. Podem ainda trazer problemas cardiovasculares, devido ao ganho rápido de peso.
Ao final da gestação algumas mulheres ficam totalmente livres da diabetes, como foi o caso de Suzi Menezes. Só é preciso lembrar, como ressalta a Dra Lia Mara, que mulheres que tiverem diabetes gestacional, ficam mais propícias a terem o retorno da doença no futuro.
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