Pesquisar este blog

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Caos ordenado


Para qualquer cidadão comum, o caos, bem como viver à beira do caos, soaria como uma perturbação e um constante estado de confusão. Para Oriol Bohigas, físico espanhol e pesquisador do Laboratório de Física Teórica e Modelos Estatísticos em Orsay (França), o caos tem uma outra significação.
Bohigas, como outros físicos e matemáticos, consideram o caos como um sistema muito sensível a perturbações e que, por isso, exibe comportamentos imprevisíveis. Macroscopicamente, os sistemas caóticos estão por toda parte (no clima, na economia, nos sistema solar).
No universo de átomos e moléculas, o caos quântico pode ser exemplificado a partir de um átomo de hidrogênio em um campo magnético forte. Assim como uma nota musical, o núcleo atômico também tem suas frequências, seus tons. Há argumentos fortes que dizem que, se o sistema, do ponto de vista clássico, é caótico, as leis que regem essas freqüências próprias são universais.
A revista Ciência Hoje questionou Bohigas sobre a aplicabilidade deste estudo para outros desdobramentos tecnológicos, como a nanotecnologia ou computadores quânticos. “A justificativa da ciência não está nas aplicações (...) acho importante insistir em que provavelmente haverá aplicações, mas o mecanismo intelectual da pesquisa, a motivação, não é a aplicação. A motivação é a compreensão. (...) as ideias desenvolvidas na área de caos contribuem bastante para unificar campos distintos. E, em uma época em que a especialização é inquietante, uma visão de mundo unificadora é muito importante.”
Para o pesquisador, não só nos estudos relacionados à física, mas entre a grande área da ciência a sociedade, há um abismo. Ele atribui grande parte à educação que ainda encara a ciência com uma ideia primitiva. Isso cria uma ruptura entre as pessoas que tiveram uma formação cientifica mínima e o público que foi pouco educado nesse sentido. “O analfabetismo científico é quase um motivo de orgulho para certas pessoas. O que, para mim, é muito irritante”, conclui Bohigas.
Ele ainda salienta que nem por isso, jovens pesquisadores devem fazer turismo científico, sendo pressionados a publicações. Um bom físico precisa, pois, de uma visão ampla e múltipla, na qual a física deve estender suas fronteiras a penetrar territórios que não são considerados como pertencentes à física.

Foto: revista Ciència Hoje

Por Iara Menezes e Pâmela Rubin

Nenhum comentário: