A revolução industrial marca a origem de uma constante: a preocupação ambiental e a crescente ocorrência de efeitos climáticos. A partir deste marco, o urbano se estabeleceu, provocando concentrações populacionais que acarretaram problemas de ordem sócio-econômica e política. Como exemplos, temos as catástrofes de Londres (1952), denominada como smog, e a do Japão (1953), conhecida como “Mal de Minamata”.
No Brasil, desde que os Portugueses chegaram à Bahia, já havia deslocamentos de materiais rochosos em terrenos, os famosos escorregamentos. A primeira impressão assustou, já que eles pouco conheciam as condições do solo brasileiro. Em 1989, a ONU, (Organização das Nações Unidas) constituiu a década seguinte como a propulsora de discussões e debates sobre os desastres naturais no mundo.
Desde então o crescimento demográfico aumentou consideravelmente e isso fez com que maior número de pessoas fosse atingido por desastres naturais, ou nem tão naturais. Luiz Eduardo de Souza Robaina, geólogo e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), é especialista em áreas de risco e desastres naturais e trabalha com cartografia e zoneamento de áreas de risco.
De acordo com Robaina, o mapeamento consiste em inventários e históricos de acontecimentos registrados pela defesa civil. A partir de 2003, a consulta a estes dados passou a ser de forma mais organizada, favorecendo o trabalho dos profissionais da área.
A proliferação de fábricas de grande porte, o aumento do consumismo e o avanço do sistema econômico vigente contribuíram para que os efeitos climáticos se transformassem em desastres naturais, provocados, muitas vezes, pela ação direta do homem. “O avanço da ocupação urbana sem critério e a falta de planejamento e gestão são um grande contribuinte para os desastres naturais.”, argumenta Robaina.
Estas questões políticas e econômicas são as principais causas dos tantos prejuízos que temos acompanhado nos meios da comunicação. “Quanto mais vulnerável socialmente a população maior o risco ela sofre porque ela tem menos condições para enfrentar o problema”, comenta o professor.
Os espaços das cidades têm muito a ver com as relações sociais a que estão envolvidas. Onde não há interesse de especulação imobiliário é o local em que população mais pobre se estabelece. Não raro em encostas e locais de erosão do solo. No Rio Grande do Sul, os fenômenos que podemos observar com mais freqüência são: fortes estiagens, enchentes e especificamente em Santa Maria, os vendavais.
Na opinião do professor Luiz Eduardo Robaina, falta investimento para a prevenção. Estes investimentos podem ocorrer através de estudos meteorológicos, previsões e trabalhos detalhados mapeamento. O alto custo destes processos, fazem com que isso não seja tratado como prioridade em países como o Brasil. Outro ponto à ser trabalhado, é a educação ambiental e a conscientização nas comunidades menos favorecidas economicamente. Segundo Robaina, muitas vezes as prefeituras procuram os serviços de mapeamento das áreas de risco e querem o trabalho com urgência, entretanto, o trabalho é delicado e exige tempo, o que faz com que o executivo desista da continuidade. “As relações ambientais não estão desconectadas das ações políticas”, lembra Robaina.
Mas afinal, a quem cabe amenizar (ou pelo menos tentar) estes problemas? Onde está a sociedade para pressionar o poder público em prol da prevenção dos desastres ambientais? “É preciso o trabalho como cidadão e a do profissional como profissional e cidadão”, finaliza o professor Luiz Eduardo Robaina.
Por Sabrina Kluwe e Francieli Jordão
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