Pessoas com deficiência mental não são, muitas vezes, alfabetizadas de forma verdadeiramente significativa, apesar da variedade de métodos alfabetizadores existentes. Vários fatores contribuem para isso, principalmente a estigmatização da deficiência como sinônimo de limitação e inferioridade.
Pesquisadores da Unifra realizaram uma oficina de textos com cinco alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE - Santa Maria, na qual o objetivo foi provocar criações textuais de pessoas com deficiência mental através da leitura, interpretação e reelaboração de textos jornalísticos, caracterizado pela concisão das idéias e por ser construído de forma clara e objetiva, e por isso considerado de fácil entendimento por parte de qualquer leitor.
Para tanto, apoiaram-se em Dockrell e Mcshane (2000), para quem ler é um ato complexo que envolve um conjunto de habilidades. Implica em reconhecer palavras, determinar o significado das palavras e frases e coordenar seus significados dentro do contexto geral. A palavra é considerada o elemento fundamental da linguagem, por designar as coisas e individualizá-las. O significado das palavras irá mudando de acordo com o desenvolvimento do indivíduo, e as relações com as palavras e seus significados revelam-se diferentes nos sujeitos ditos normais e nos portadores de deficiência mental. Nos ditos normais, predominam os enlaces situacionais ou conceituais que se adéquam às situações correntes. Já nos indivíduos que apresentam patologias cerebrais há dificuldade em selecionar os enlaces adequados ao momento, o que dificulta as operações verbais e qualquer forma de expressão por meio de palavras, pois não há ligação coerente entre palavra e significado. Assim, as limitações do aluno deficiente, seus eventuais erros podem ser usados como instrumentos que facilitem a aprendizagem e não como rótulos de inadequação.
Após entender a forma como se dá a alfabetização das pessoas com deficiência mental e a falta de incentivos para aperfeiçoarem suas criações textuais, foi proposto o uso de textos jornalísticos como estimuladores, já que são de fácil entendimento e compreensão o que propicia, dependendo do assunto tratado, seu uso pelas pessoas com deficiência mental.
As características dos textos jornalísticos - primam pela precisão e por serem concisos - facilitou o trabalho da equipe.
Pesquisadores da Unifra realizaram uma oficina de textos com cinco alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE - Santa Maria, na qual o objetivo foi provocar criações textuais de pessoas com deficiência mental através da leitura, interpretação e reelaboração de textos jornalísticos, caracterizado pela concisão das idéias e por ser construído de forma clara e objetiva, e por isso considerado de fácil entendimento por parte de qualquer leitor.
Para tanto, apoiaram-se em Dockrell e Mcshane (2000), para quem ler é um ato complexo que envolve um conjunto de habilidades. Implica em reconhecer palavras, determinar o significado das palavras e frases e coordenar seus significados dentro do contexto geral. A palavra é considerada o elemento fundamental da linguagem, por designar as coisas e individualizá-las. O significado das palavras irá mudando de acordo com o desenvolvimento do indivíduo, e as relações com as palavras e seus significados revelam-se diferentes nos sujeitos ditos normais e nos portadores de deficiência mental. Nos ditos normais, predominam os enlaces situacionais ou conceituais que se adéquam às situações correntes. Já nos indivíduos que apresentam patologias cerebrais há dificuldade em selecionar os enlaces adequados ao momento, o que dificulta as operações verbais e qualquer forma de expressão por meio de palavras, pois não há ligação coerente entre palavra e significado. Assim, as limitações do aluno deficiente, seus eventuais erros podem ser usados como instrumentos que facilitem a aprendizagem e não como rótulos de inadequação.
Após entender a forma como se dá a alfabetização das pessoas com deficiência mental e a falta de incentivos para aperfeiçoarem suas criações textuais, foi proposto o uso de textos jornalísticos como estimuladores, já que são de fácil entendimento e compreensão o que propicia, dependendo do assunto tratado, seu uso pelas pessoas com deficiência mental.
As características dos textos jornalísticos - primam pela precisão e por serem concisos - facilitou o trabalho da equipe.
Resultados satisfatórios
A oficina realizada na APAE foi composta por dez encontros, em que se realizou leitura, interpretação, reelaboração e criação de textos. Participaram do grupo representativo, Paulo, 41 anos, apresenta deficiência múltipla, é questionador e tem noções de tempo e quantidade. Marta, 39 anos, apresenta lesão cerebral e também tem noções de tempo e espaço. Joel, 19 anos, Jozi, 31 anos e Eliane, 23 anos, apresentam deficiência mental leve. Num primeiro momento foram utilizados nas atividades textos escolhidos pela ministrante da oficina, depois os participantes puderam fazer a escolha do assunto de seu interesse.
Através da observação, pode-se apontar os fatores motivadores para as construções textuais, destacando-se o interesse pelo tema a ser abordado. Quando os alunos leram, reelaboraram ou criaram textos com temas de seu conhecimento ou interesse pessoal, percebeu-se que a atividades foram mais produtivas e contribuíram para que se alcançassem os objetivos da proposta. A fala de Marta confirma a importância dada ao fato de se conhecer e ter familiaridade com o assunto. “é sobre a festa da APAE e eu táva aqui pra vê tudo.”
Por outro lado, quando os participantes precisaram ler, reescrever ou criar tendo como referenciais textos com conteúdos desconhecidos por eles, ou distantes de suas realidades, as atividades foram limitadas e pouco acrescentaram aos objetivos da pesquisa. Quando se propôs a reelaboração de um texto que tratava sobre mercadorias contrabandeadas, por exemplo, Jozi teve dificuldade em entender o que era contrabando, “ele vendia mercadorias usadas, né, professora?” Após ser explicado pela ministrante o que significa contrabando, concluiu que eram mercadorias falsas e furtadas, ou seja, seguiu com dúvidas sobre o assunto. O distanciamento sobre o tema do texto também pôde ser notado em sua reelaboração, pois, Jozi ficou bastante “presa” ao conteúdo lido, inclusive copiando frases inteiras do texto original: “Não sei muito sobre isso aí, nunca tinha prestado atenção”, explicou.
Pode-se considerar que, em alguns momentos, a incerteza e a insegurança dos alunos funcionaram como fatores inibidores no processo de criação. Alguns dos participantes da pesquisa sentiam-se principalmente no início do desenvolvimento da proposta, nervosos em escreverem seus próprios textos e perguntavam constantemente à ministrante se estavam escrevendo corretamente e se seus textos podiam ser entendidos por quem os lê-se. Essa incerteza também foi percebida nos momentos em que se propôs a leitura em voz alta, “não gosto de ler em voz alta, pois fico com vergonha”, confessou Joel. Jozi buscou explicar como percebia sua leitura em voz alta, “eu leio muito devagar”.
De acordo com os pesquisadores, essa proposta pode ter contribuído para diminuir ou pelo menos amenizar o sentimento de incerteza dos participantes do grupo representativo. Pois, buscou-se, durante todo o desenvolvimento da pesquisa, incentivar os alunos a criarem e produzirem seus próprios textos com autonomia. Além disso, os eventuais erros encontrados nos textos e interpretações dos alunos puderam ser usados na construção da proposta, pois foram esclarecidos e analisados por todos os participantes e a ministrante. Assim, quando alguma palavra foi mal empregada, por exemplo, não só o autor do erro, mas todos os participantes obtiveram uma explicação por parte da ministrante. Pode-se ainda considerar o diálogo entre alunos e ministrante como fator de incentivo à descontração e liberdade dos participantes, facilitando suas interpretações e criações. Os resultados obtidos através da realização da oficina de textos na APAE - Santa Maria podem ser considerados como positivos e efetivadores. Todos ao final da oficina demonstraram mais segurança ao ler e escrever, isso pode ser creditado a vários fatores: o contato permanente com textos, especialmente os jornalísticos de conteúdos relacionados ao cotidiano e linguagem simples; os estímulos para que escrevessem com liberdade, sem terem medo de errar e o convívio com os colegas e a ministrante que contribuiu para diminuir a timidez em esclarecer dúvidas e buscar acertos.
Através da observação, pode-se apontar os fatores motivadores para as construções textuais, destacando-se o interesse pelo tema a ser abordado. Quando os alunos leram, reelaboraram ou criaram textos com temas de seu conhecimento ou interesse pessoal, percebeu-se que a atividades foram mais produtivas e contribuíram para que se alcançassem os objetivos da proposta. A fala de Marta confirma a importância dada ao fato de se conhecer e ter familiaridade com o assunto. “é sobre a festa da APAE e eu táva aqui pra vê tudo.”
Por outro lado, quando os participantes precisaram ler, reescrever ou criar tendo como referenciais textos com conteúdos desconhecidos por eles, ou distantes de suas realidades, as atividades foram limitadas e pouco acrescentaram aos objetivos da pesquisa. Quando se propôs a reelaboração de um texto que tratava sobre mercadorias contrabandeadas, por exemplo, Jozi teve dificuldade em entender o que era contrabando, “ele vendia mercadorias usadas, né, professora?” Após ser explicado pela ministrante o que significa contrabando, concluiu que eram mercadorias falsas e furtadas, ou seja, seguiu com dúvidas sobre o assunto. O distanciamento sobre o tema do texto também pôde ser notado em sua reelaboração, pois, Jozi ficou bastante “presa” ao conteúdo lido, inclusive copiando frases inteiras do texto original: “Não sei muito sobre isso aí, nunca tinha prestado atenção”, explicou.
Pode-se considerar que, em alguns momentos, a incerteza e a insegurança dos alunos funcionaram como fatores inibidores no processo de criação. Alguns dos participantes da pesquisa sentiam-se principalmente no início do desenvolvimento da proposta, nervosos em escreverem seus próprios textos e perguntavam constantemente à ministrante se estavam escrevendo corretamente e se seus textos podiam ser entendidos por quem os lê-se. Essa incerteza também foi percebida nos momentos em que se propôs a leitura em voz alta, “não gosto de ler em voz alta, pois fico com vergonha”, confessou Joel. Jozi buscou explicar como percebia sua leitura em voz alta, “eu leio muito devagar”.
De acordo com os pesquisadores, essa proposta pode ter contribuído para diminuir ou pelo menos amenizar o sentimento de incerteza dos participantes do grupo representativo. Pois, buscou-se, durante todo o desenvolvimento da pesquisa, incentivar os alunos a criarem e produzirem seus próprios textos com autonomia. Além disso, os eventuais erros encontrados nos textos e interpretações dos alunos puderam ser usados na construção da proposta, pois foram esclarecidos e analisados por todos os participantes e a ministrante. Assim, quando alguma palavra foi mal empregada, por exemplo, não só o autor do erro, mas todos os participantes obtiveram uma explicação por parte da ministrante. Pode-se ainda considerar o diálogo entre alunos e ministrante como fator de incentivo à descontração e liberdade dos participantes, facilitando suas interpretações e criações. Os resultados obtidos através da realização da oficina de textos na APAE - Santa Maria podem ser considerados como positivos e efetivadores. Todos ao final da oficina demonstraram mais segurança ao ler e escrever, isso pode ser creditado a vários fatores: o contato permanente com textos, especialmente os jornalísticos de conteúdos relacionados ao cotidiano e linguagem simples; os estímulos para que escrevessem com liberdade, sem terem medo de errar e o convívio com os colegas e a ministrante que contribuiu para diminuir a timidez em esclarecer dúvidas e buscar acertos.
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