O mundo está em pleno desenvolvimento. Mas, mais do que ter recursos financeiros para construir, investir e inovar, é preciso energia. Contudo, há um porém: a demanda cresce na mesma ou igual proporção ao volume de lixo. Equilibrar este “ecossistema” de forma inteligente a fim de contribuir com o crescimento constitui um dos grandes desafios tecnológicos da atualidade.Essa é a razão pelo qual vários países investem no aproveitamento energético do lixo, ou de subprodutos. A tecnologia utilizada para alcançar esse objetivo é a queima direta dos resíduos (waste-to-energy) e do biogás produzido a partir da decomposição da matéria orgânica.
Segundo dados da ONU, estima-se que há cerca
de mil e quinhentas usinas térmicas que queimam o lixo para gerar energia ou
calor. Este “reaproveitamento” de matérias limpas, ou seja, oriundas da
natureza, constitui o termo: Energia de BIOMASSA. Essas fontes alternativas buscam menor impacto
ambiental. Além de contribuir com o ecossistema, visam alcançar independência
com relação ao petróleo.
PARA ENTENDER MAIS:
- Biomassa: utiliza matéria de origem vegetal para produzir energia (bagaço de cana-de-açúcar, álcool, madeira, palha de arroz, óleos vegetais etc).
- Energia solar: utiliza os raios solares para gerar energia oferece vantagens como: não polui, é renovável e existe em abundância. A desvantagem é que ainda não é viável economicamente, os custos para a sua obtenção superam os benefícios.
- Energia eólica: é a energia gerada através da força do vento captado por aerogeradores. Suas vantagens são: é abundante na natureza intenso e regular e produz energias a preços relativamente competitivos.
- Etanol: é produzido a partir da cana-de-açúcar, do eucalipto e da beterraba. Como energia pode ser utilizado para fazer funcionar motores de veículos ou para produzir energia eléctrica. Suas vantagens são: é uma fonte renovável e menos poluidora que a gasolina.
- Biodiesel: o biodiesel substitui o óleo diesel de petróleo em motores ciclo diesel. Vantagens: é renovável, não é poluente. Desvantagem: existe o esgotamento do solo.
Reserva florestal em Itaara, onde é realizada pesquisa sobre o manejo e análise do solo para produção de biomassa. Foto: arquivo Mauro Schumacher |
ENERGIA DE BIOMASSA ARBÓREA
Como já disse o cantor, Jorge Benjor, o Brasil “país
tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”, é abundante em recursos
naturais, tendo potencial para ser autossuficiente em produção- cerca de 90% da energia produzida é por meio de fontes
renováveis, de acordo com o Balanço Energético Nacional, realizado pela EPE (Empresa de Pesquisa
Energética), 2009.
O
baixo custo, aliado ao potencial e somados aos benefícios ambientais e de
desenvolvimento são sinônimos da biomassa. Ela reduz
a poluição, pois utiliza lixo orgânico,
subsídios agrícolas (restos), madeira e óleo vegetal para produzir energia.
Restos de cana de açúcar e capim também são explorados na forma de compostagem.
Esta energia representa 27% da matriz energética do Brasil.
Os
distintos polos de ensino superior em Santa Maria, mais específico a
Universidade Federal de Santa Maria e o Centro Universitário Franciscano,
capitaneados pelos cursos de engenharias (Ambiental e Sanitária; Civil;
Química; Florestal; Acústica) trazem como ideologia esta matriz: energia limpa.
As
fontes renováveis vão além da eólica, solar e hidroelétricas. Elas também
englobam o solo, com a compostagem e a arbórea.
Mauro Schumacher, professor do departamento de Ciência Florestal da UFSM |
O
professor titular do departamento de Ciência Florestal, Mauro Schumacher, doutor em Ecologia Florestal pela Universitaet fuer Bodenkultur em Viena na Austria,
destaca o potencial do país. “No Brasil, na região tropical há uma produção de
biomassa muito grande, favorecidas pelo clima. Por exemplo, no país são gerados
50 m³ de madeira, enquanto na Europa, no mesmo período, apenas 5m³”, relata.
Segundo
ele, no Rio Grande do Sul, as plantações restringem-se a Pinos, Eucaliptos e
Acácias.
Produção de energia através da biomassa arbórea. Foto: arquivo Mauro Schumacher |
Schumacher,
ainda destaca que em Santa Maria já é utilizada a biomassa de lenha para gerar
calor, ou energia em piscinas térmicas, pizzarias, padarias e secadores de
grãos. “É um primeiro passo, uma experimentação válida, que pouco a pouco vai ganhar
novos adeptos”, sugestiona;
O
mestre do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, Afrânio Righes, pontua que
a biomassa arbórea tem maiores resultados como energia de calefação, sendo
própria para aquecimento. E ressalta, “não é só plantar e extrair tem que ter
um cuidado para o transporte, armazenamento e queima”.
Ao
encontro da ponderação de Righes, Schumacher enfatiza: “antes de qualquer
projeto, é precioso analisar a capacidade produtiva do solo x impacto ambiental
x produção de energia, para depois investir em tecnologia e gerar recursos
limpos”.
Ele
ainda sublinha que o curso de Engenharia Florestal da UFSM, possui grupos de
pesquisas voltados aos cuidados e análises do solo após as extrações das
árvores nas plantações de pinho, acácias e eucaliptos, nas plantações localizadas
em São Sepé e Itaara.
Afrânio
Righes afirma a importância do “olhar futurístico” nas universidades. Segundo
ele, os cursos de engenharias da Unifra trabalham em conjunto e buscam trazer
aos acadêmicos experiências por meio do contato com empresas voltadas a
energias renováveis. “A tendência é que cada vez mais esta ideologia seja
incorporada as redes de ensino”, disse.
O
professor da Unifra afirma que se cada um fizer a sua parte, como separa o
lixo, por exemplo, “estaremos dando um salto em qualidade de vida “. Ele conclui:
” pensar o meio ambiente é projetar o futuro”.
É uma energia limpa, de grande potencial
Rápida produção;
O Brasil possui tecnologia necessária;
Energia mais barata, mais viável que o petróleo e com retorno “garantido”;
Grandes empresas já usufruem deste recurso;
Contra:
Ainda é pouco utilizada;
Impacto ambiental. A produção deve ser maior do que o consumo/ queima;
Liberação de carbono.
Por Lorenzo Franchi e Petterson Lucas Vieira
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