O livro Pesquisa em Comunicação, organizado por Eugenia Mariano da
Rocha Barichello e Anelise Rublescki, foi lançado na Feira do Livro de Santa
Maria, no dia 3 de maio deste ano. Trata-se de uma coletânea de artigos escrito
por integrantes da Faculdade de Comunicação Social (FACOS) da UFSM.
O sétimo artigo, de Debora Cristina Lopes e Marisandra Rutilli, traça diretrizes metodológicas para compreender o newsmaking. A ideia central defendida pelas autoras é que "o fazer jornalismo e fazer ciência sobre jornalismo" devem ser entendidos como processos que caminham lado a lado, compartilhando métodos e ferramentas. São ressaltadas as práticas como a observação, a entrevista, a pesquisa documental e o estudo de caso, comuns tanto à atividade jornalística quanto à investigação acadêmica.
Em entrevista, uma das autoras do artigo, Debora Cristina Lopes, fala sobre o fazer jornalístico, aspecto central de suas discussões.
O
que tem a dizer sobre estas práticas jornalísticas?
São práticas comuns e fundamentais para
o jornalismo. Observar os cenários, os sujeitos e os acontecimentos deve ser
uma constante para o jornalista, pois sua função social só se desenvolve a
partir desta observação. Da mesma maneira, a pesquisa documental é tão
importante para a construção do produto jornalístico quanto o contato com as
fontes orais. É através desta preparação que o jornalista consegue compreender
fenômenos de maneira mais contextualizada, viabilizando um olhar mais complexo
sobre os acontecimentos vividos.
Por
que você entende que o fazer jornalismo e fazer ciência sobre o jornalismo são
processos que caminham lado a lado?
Ambos têm como matéria prima observações de
fenômenos que - por um motivo ou outro - destacam-se no contexto dos acontecimentos
vividos. Para que precisem ser compreendidos, precisam ser olhados com apuro,
com responsabilidade, com certa sistematização. Não queremos dizer, com isso,
que são práticas iguais ou que o jornalista faz ciência ou ainda que o cientista
faz jornalismo. Dizemos, sim, que algumas ferramentas são comuns – embora seus
usos variem.
Que semelhanças e diferenças
entre atividade jornalística e investigação acadêmica você abordou em seu
artigo?
Vou me ater aqui a uma diferença que
acredito ser principal porque a vejo como reveladora das semelhanças e
distinções entre as práticas jornalística e científica. Embora compartilhem
fenômenos, embora dialoguem com a mesma sociedade e, muitas vezes, com
protagonistas próximos ou iguais, embora compartilhem ferramentas e práticas,
jornalismo e ciência têm propósitos distintos. O cientista, por exemplo, não
busca contar histórias ou relatar (ainda que de maneira complexa e
contextualizada) acontecimentos. Ele não pretende construir acontecimentos
jornalísticos. Ele pretende inferir, analisar, compreender, cruzar realidades e, muitas vezes, verificar hipóteses propostas. O jornalista, por sua vez, lida
com as histórias de vida, com os acontecimentos, contextualizando-os, mas não
inferindo sobre eles necessariamente. Assim, as ferramentas e práticas são
compartilhadas, mas as rotinas e objetivos são distintos.
Deborah Alves
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