por
Nathalia Ruviaro
Nas
últimas semanas os meios de comunicação do mundo inteiro viraram seus holofotes
para Angelina Jolie. A estrela de Hollywood, escolhida diversas vezes a mulher
mais bonita do mundo fez uma cirurgia para a retirada dos seios em prol da
prevenção do câncer de mama. Através de um mapeamento genético a atriz
descobriu que tinha um defeito nos genes BRCA1 e 2 e que a probabilidade de
desenvolver um câncer era de 87,5%. Sua atitude e seu depoimento geraram
controvérsias, e o assunto virou uma polêmica mundial.
Os
resultados desse furor chegaram a todos os cantos e lotaram as salas de esperas
dos consultórios médicos. Segundo relatos das secretárias dos consultórios da
Icardio, Instituto Cardiovascular de Santa Maria no Rio Grande do Sul, os
telefones não paravam de tocar em busca de maiores informações sobre o exame, a
cirurgia e pedidos de consultas.
De
acordo com Rosa Figueira, ginecologista e obstetra, não há polêmica entre o
meio médico, pois quando o assunto é mastectomia tudo está muito claro e
estabelecido. Ela alega que a decisão é do paciente, mas que deve ser tomada
com cautela, quando há indicação e com acompanhamento médico e psicológico. Não
é uma escolha que pode ser tomada do dia para noite. “Entre todos os casos de
câncer de mama, só 10% são de causas hereditárias. Então, quando se fala em
exames para detectar essas probabilidades e mastectomia preventiva estamos
falando em um número relativamente pequeno da população. A decisão cabe somente
ao paciente, mas há todo um acompanhamento profissional nos centros terciários
quando esse paciente tem a indicação” afirma.
Ainda
de acordo com a médica, é feito todo um estudo para ver o potencial de risco do
paciente. “Histórico de câncer de mama na família, menarca precoce, menopausa
tardia e obesidade são alguns dos fatores de risco para o possível
desenvolvimento da doença” explica.
Só
no ano de 2012, o Instituto Nacional do Câncer (INCA), teve uma estimativa de 52.680 novos
casos. No Brasil as taxas de mortalidade são elevadas em virtude dos
diagnósticos em estágios avançados.
Um trabalho
na área da genética, iniciado no Hospital das Clínicas de São Paulo, e agora
realizado no Hospital Albert Einstein também naquela cidade, procura localizar
esses casos de mutação de genes e detectar, dentro das famílias, todas as
pessoas portadoras da mutação.
Para as
mulheres portadoras de mudança genética, mas que ainda não desenvolveram câncer
de mama, uma das opções é a cirurgia preventiva. Retiradas as glândulas
mamárias, é feita uma reconstrução imediata das mamas como a realizada nas
cirurgias estéticas.
Uma escolha dessas não é fácil para ninguém, muito menos quando
mexe com o corpo feminino. Odila Pereira, 59 anos, recentemente retirou uma
mama após descobrir um tumor maligno que a fez passar por 28 sessões de
radioterapia intensiva. “Nunca imaginei passar por isso, mas recebi a notícia e
me mantive sempre forte. Lidei bem com todo o processo; fiz tudo o que me foi
recomendado, mas me abalou um pouco a retirada do meu seio esquerdo. Não posso
nem mesmo tirar sangue e verificar a pressão neste braço, além de todo o ardor
da queimadura local da radioterapia. Mas o baque foi me ver sem o seio e não
quero retirar a outra, mesmo que seja uma medida preventiva” conta.
Há
ainda um alerta especial para os homens, segundo a médica Rosa. Esta mutação do
gene pode predispor ao desenvolvimento do câncer de próstata. “É importante
ressaltar também que além da predisposição ao câncer de próstata, os homens,
assim como as mulheres, são acometidos
por câncer de mama” comenta.
Quando o paciente é de alto risco e opta por não fazer o exame e a
cirurgia, a alternativa é submeter-se rigorosamente a exames e consultas em
curto espaço de tempo, assumindo com isso uma responsabilidade com a sua saúde.
Ao
receber o diagnóstico as reações dos pacientes são diversas e a esperança pode
vir de qualquer fonte que garanta o mínimo de acalento e segurança.
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