Por Camille Wegner
Não é
de hoje que a relação entre ciência e jornalismo é um tanto complexa. Complexa
por se tratar exatamente de duas áreas distintas que necessitam uma da outra. O
jornalista necessita de informações para divulgá-las ao conhecimento do
público, no outro lado, a ciência precisa mostrar à resposta de suas pesquisas
a sociedade. Olhando assim parece simples, mas como transcrever informações tão
técnicas quanto às propostas pela ciência a um público muitas vezes leigo? Para
falar deste assunto, a voz a ser ouvida é a dos pesquisadores.
Luiz
Carlos Rodrigues Junior é diretor da Unidade de Pesquisas do Centro
Universitário Fransciscano e acredita que o público alvo de suas pesquisas é
praticamente o meio acadêmico. “É a mídia que procura dentro da comunidade
acadêmica o que tem impacto e divulga”, acrescenta. As publicações ocorrem
geralmente em revistas científicas nacionais e internacionais direcionadas as
áreas específicas de cada pesquisador. Neste caso, a passagem da pesquisa para
a mídia (impressa), é feita quase sempre pelo próprio pesquisador, que só
recebe correções na origem do inglês (revistas científicas internacionais).
Quando
a publicação é para leigos, no caso da divulgação científica, Luiz Carlos
afirma que o jornalista tem dificuldade em transcrever essas informações na
mídia. “Eu acho que a mídia é boa, é de bastante importância, mas algumas vezes
ela transforma a informação que tu passa”, enfatiza.
Ivana
Zanella, Coordenadora do Programa de pós-graduação em nanociências da UNIFRA,
só publicou pesquisas em revistas especializadas. Quando se trata das revistas
internacionais a pesquisadora declara que o processo de aceitação e divulgação
da pesquisa é rígido. “Em geral nunca é aceito em primeira instância, eles te
fazem uma série de questionamentos”, declara.
Nas
publicações nacionais, Zanella só teve experiência na revista
DisciplinarumScientia, da própria instituição, mas mesmo assim tem opinião
formada sobre a função do jornalista na divulgação científica: “Todos os
pesquisadores recebem um incentivo do governo para a realização de pesquisas,
então deve ter um retorno a população, neste sentido o jornalista tem muito a
acrescentar, pois faz esta ponte entre pesquisadores e sociedade”, ressalta.
Ainda
há muito o que discutir a respeito dessa relação, mas uma constatação já pode
ser feita: tanto jornalistas quanto pesquisadores precisam entender as
necessidades de cada uma das duas áreas e estabelecer assim uma relação pacífica, na qual o objetivo principal é o
conhecimento do público sobre as inovações e transformações do mundo.
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