A utilização de calçados de salto alto com suas diferentes alturas torna-se cada vez mais comum devido à estética e aos detalhes da moda atual que imperam independente dos avanços no sentido de transformar este tipo de calçado em um sapato tecnicamente funcional.
Segundo a fisioterapeuta e pesquisadora do Laboratório de Biomecânica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Estele Caroline Meereis, “a altura do calçado interfere na manutenção do equilíbrio postural por alterar a base de suporte. Frente a isso são necessários ajustes corporais para evitar a queda do indivíduo, e pode se refletir em compensações que levam às alterações da postura ”.
Para muitos médicos e cientistas, o mais correto seria um calçado que levasse em conta a força de um impacto ao chão, o controle de movimento e a orientação do pé, que é um elemento de grande importância para toda a estrutura corpórea, incluindo o sistema postural. Nele existe um sistema de elo com o solo, tendo assim adaptar-se com as irregularidades do próprio corpo com o meio externo.
A farmacêutica Tatiane Cuozzo diz que, “como trabalho de pé o dia inteiro e caminho muito não uso calçado de salto alto. Desde criança prefiro usar calçados mais confortáveis como tênis, chinelos e rasteirinhas, minha postura fica curvada e perco o equilíbrio ao usá-lo”.
Estele Meereis ressalta que, “o tempo ideal para usarmos salto alto sem problema na estrutura corpórea é, a partir da primeira menarca (menstruação), pois antes desse período o corpo ainda está em transformação e o salto pode prejudicar no desenvolvimento”. Com o aprofundamento cada vez maior dos estudos relacionados à biomecânica dos pés e calçados, os fabricantes demonstram preocupação com a qualidade e conforto de seus produtos, os mesmos ainda procuram se aprimorar em pesquisas, visando oferecer maior conforto a seus clientes, afirma a fisioterapeuta.
A verdade originária dos calçados além do conforto, é a proteção dos pés. E a biomecânica ajuda no auxilio da indústria calçadista a produzir calçados mais adequados com as necessidades fisiológicas e biomecânicas da estrutura corporal do individuo.
A vendedora Cenaide Robalo diz que fica de salto alto o dia inteiro, " e me sinto muito bem, nunca tive nenhum problema em relação a minha postura e nem nos meus pés. O engraçado é que sinto dores quando uso tênis e calçados baixos, até já tive uma lesão no tornozelo por estar de tênis”. A fisioterapeuta Estele menciona, "pois quando alguém utiliza o salto alto com uma frequencia muito grande acabam acontecendo retrações nos músculos posteriores da perna, então ao estar sem salto alto esses músculos ficam em uma posição de 'alongamento'. E para acomodar esse alongamento, o individuo faz compensações, geralmente com a pelve e a tíbia (articulação do joelho), assim esse músculo fica mais 'relaxado' devido a essa movimento de aproximar a pelve do joelho. Só que a pelve está ligada diretamente a coluna e acabam aparecendo dores nas costas em relação a manutenção da posição".
Em relação aos movimentos realizados com salto alto, deve-se ter uma posição anatômica onde o calçado deve acomodar o pé, ou seja, manter a articulação do tornozelo próximo a 90° e permitir a plantiflexição e dorsiflexição, acrescentou a fisioterapeuta Estele.
De acordo com a biomecânica a manutenção do equilíbrio corporal funciona como um pêndulo invertido, quando se utiliza o salto alto a base fica diminuída, levando a uma sobrecarga nas articulações a fim de manter o controle postural. E Meereis ainda destaca: “é fundamental saber que o salto alto não deve ser escolhido para o uso diário, posturas em pé por muitas horas, e o ideal é que o salto alto não ultrapasse de três centímetros de altura, pois até essa altura o peso corporal ainda se projeta no retropé, o que é biometicamente favorável”. Portanto, ao comprar um calçado de salto alto é necessário pensar na postura e na saúde dos pés.
Por Denise Rissi
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