Entender a reforma ortográfica não é tarefa fácil. A mudança ainda causa estranheza para algumas pessoas na hora de escrever.
A língua portuguesa tem origem em Portugal, com cerca de 272,9 milhões de falantes. É a quinta língua mais falada no mundo e a mais usada no hemisfério sul da terra. A mudança ocorreu em oito países lusos falantes da língua portuguesa: Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe, Brasil e Portugal. No Brasil, a reforma foi oficializada em 29 de setembro de 2008, as novas regras ortográficas já estão valendo e devem ser completamente implantadas até 2012.
As faculdades e escolas adequaram-se à reforma ortográfica, mas não sem uma certa resistência e a divisão de opiniões quanto à sua validade. As professoras universitárias entrevistadas percebem a mudança como uma homogeneização da língua portuguesa. “Ao contrário do que as pessoas pensam, ficou bem mais fácil”, diz Célia Dellamea, doutora em lingüística e professora na Unifra. “Agora ficou mais fácil porque antes para fazer tradução não sabia se usava-se o português de Portugal ou do Brasil. Agora temos uma língua única em todos países luso", complementa Célia.
Para Najara Ferrari, doutora em comunicação e professora na UFSM, o futuro da língua portuguesa é indefinido, pois é difícil mudar uma língua. “Nós temos um português mais arcaico que o português de Portugal”, explica Najara. Segundo ela, o português brasileiro ainda é do tempo em que o país foi colonizado pelos portugueses. "Eles evoluíram na linguagem. A reforma é como uma evolução para nós, brasileiros", declara Najara.
Em comparação com Portugal a mudança foi bem maior, pois naquele país houve a mudança das consoantes mudas. No Brasil, apenas acentuação e hífens foram alterados.
Acordos que não deram certo
O percurso até a assinatura do acordo ser firmado pelos países é longo. Outras tentativas com o mesmo objetivo já haviam sido realizadas pelos países que integram a CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa). A ideia principal do acordo sempre foi unificar a forma de registro escrito nos países que usam o português.
Em 1975, a Academia Brasileira de Letras e a Academia das Ciências de Lisboa redigiram um acordo em parceria. No entanto, ele não foi aprovado por motivos políticos.
Onze anos depois, em 1986, houve uma nova tentativa, também frustrada. A unificação atingiria 99,5 % do vocabulário geral da língua.
Com base nos textos dos documentos não aprovados em 1975 e 1986, em 1990 foi realizada uma nova tentativa. Com o intuito de unificar a grafia de 98% do vocabulário geral do idioma, o texto final foi assinado por representantes das nações que falam português. Após ser aprovado pelos congressos de Cabo Verde e Portugal, em 1995 foi a vez dos parlamentares brasileiros votarem a favor.
Um ano depois foi criada a CPLP, e seus participantes assinaram um protocolo modificando a data de vigência do acordo.
Em 2004, um novo documento modificativo foi assinado para que o Timor-Leste, país que conquistou sua independência em 2002, pudesse aderir às normas.
Por Eliana Linhares e Patrick Chagas
Nenhum comentário:
Postar um comentário